Cão com 2 donos passa fome – ou a importância dos processos

Se pensava que tínhamos mudado o core business da Driving Growth para a indústria da alimentação de animais domésticos, lamentamos o equívoco. No entanto, para não dar o seu tempo por perdido, fique a saber que, de acordo com a Transparency Market Research, o mercado global de comida para animais domésticos representava cerca de 97 mil milhões de dólares em 2019, e espera-se que cresça a uma taxa média anual de 6% até 2029.

Agora que já tirámos este facto interessante do caminho, o que quer dizer “Cão com 2 donos passa fome”?

Imagine que, em conjunto com o seu cônjuge, tomou a decisão de adoptar um canídeo amoroso há 2 anos e que iriam tomar conta dele como se de um filho se tratasse. Agora imagine que, antes de sair para o trabalho e seguir a sua vida, assume que o seu cônjuge vai dar de comer ao cão. Coincidência ou não, o seu parceiro assume exatamente o mesmo. Conclusão – o cão vai passar fome.

Esta é uma ilustração de como os processos e a identificação do responsável pelos mesmos são cruciais numa empresa. Se não houver um responsável pela elaboração de propostas comerciais, estas ficam por fazer. Pior, se não houver um responsável pelo envio da proposta, esta fica muito bem elaborada, com um design fantástico e um valor comercial aliciante, mas arrumadinha numa gaveta.

A definição de um processo permite ainda evitar aquilo que se chama a “Fadiga da Decisão”. Este fenómeno é um enviesamento cognitivo que, de uma forma simples, postula que a qualidade das nossas decisões diminui com a quantidade de decisões que vamos tomando ao longo de um dia de trabalho.

Este fenómeno foi muito bem caracterizado num artigo do New York Times, descrevendo juízes que apreciavam a potencial atribuição de liberdade condicional a prisioneiros ao longo de um dia de audiências. Percebeu-se que os pedidos tinham maior probabilidade de sucesso conforme os mesmos eram apresentados no início do dia, quando a energia mental ainda estava no máximo. Pelo contrário, à medida que o dia avançava e o número de decisões ia aumentando, diminuíam os pedidos aprovados.

Transportando este conceito da área da psicologia comportamental para o mundo empresarial, percebe-se que as empresas sem processos definidos e estruturados consomem o seu valioso discernimento – vital para tomar as decisões necessárias para aumentar a competitividade do seu negócio – em decisões de baixo valor acrescentado e consumidoras de tempo.

Voltando ao exemplo do nosso cão esfomeado, se o casal da história definisse um procedimento onde determinavam quem era o responsável por alimentar a única personagem inocente neste imbróglio, poupavam energia mental a negociar diariamente quem deveria alimentar o cão, aplicavam essa energia em actividades mais satisfatórias e, mais importante que tudo, o cão não passava fome.

Em resumo, se houver algum tipo de ação que tenha de ser feita de forma recorrente ao longo do tempo, talvez seja tempo de a transformar num processo. Melhor ainda, transformá-lo num processo que possa ser automatizado.